quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A queda

É estranho,
Estou certo como nunca mais.
Não tão certo...
Mas aqui jaz
Imóvel, impune, incólume.
Caindo, morrendo...
Perdendo os sentidos.
Esperando o teu olhar frio
Lembro do calor perdido.
Alguém se aproxima
Não entendo...
Sou arrastado
Este caminho não conheço
É escuro, tranquilo
Todas as sombras unidas
Um eterno apagar de chamas
É o meu fim!
(Por: Marcelo Araujo)

Meu verão

Desfaz ressaca toda redenção
Mais um verão.
Eu juro: não queria.
Vejo a vida passar
Mas estou distante, estou só.
Sou o sal das lágrimas
Náusea febril de criança pobre
Gosto ruim de fruta podre
Ponte para recordações
Sentença de condenação.
Acordo com o som de tua voz
Um sonho.
Essa eu mereci.
Destruí todo meu Eu
Agora tudo faz sentido, estou só.
Sou nossa desgraça
Desventura de desejos não realizados
Crepúsculo do que há de bom
Estrada infinita do inferno
A miséria que habita em nós.
(Por: Marcelo Araujo)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sono

Está escuro, mas não tenho medo
Sinto frio como de um último suspiro
Ouço o silêncio que a noite traz.
Espero confuso por nada,
Os pensamentos não fazem sentido.
Tudo me parece diferente
Tento tatear meu caminho sem luz.
Procuro um repouso
Sei que posso cair, mas não há medo.
Preciso sair, fugir, entender
Ver o mundo além de mim,
Mas sozinho não consigo.
Busco meu amigo entorpecente
Deito-me para fechar os olhos
E vejo o infinito
A sequência perfeita da não-razão.
As respostas estão aqui...
(Por: Marcelo Araujo)

Santificado seja o teu legado

As sombras perseguem.
É o passado
História de sangue
Máscara de glória.
Condenados...
Mortos em nome do Pai...
Filho...
Espirito de porco.

Segue sempre a regra
Eterno retorno
Vida eterna
Dor e sofrimento.
Condenados...
Mortos em nome do Pai...
Filho...
Espírito de porco.

Almas perdidas passeiam
Vagam sem rumo
No infinito submundo
Poder, alienação, luxúria.
Condenados...
Mortos em nome do Pai...
Filho...
Espirito de porco.

(Por: Marcelo Araujo)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Reflexo

Desejo, sentido, tato.

Eu sou a fome
A viagem sem volta dos nascidos.
Sou o segredo da noite fria.
O silêncio confuso do sono.

Eu sou a inveja
O impulso dos conscientes
Sou a derrota marcada
A lágrima a razão.

Eu sou o progresso
A evolução da pura alma
Sou teu crime
O violento caminho do saber.

Eu sou Homicídio
Fast-food, petróleo, dinamite
Sou a sarjeta da tua esquina
A verdade por trás de tudo.

Eu sou você.

(Por: Marcelo Araujo)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Prefiro estar só. Andar com minhas próprias sombras, meus demônios, meus medos... Quero ser a expressão do único, a palavra final, o suspiro de resignação na morte. Sinto as dores de ser um coletivo vazio, sem ideias, sem direção. Sou a interrogação da unanimidade sem sentido, preciso de liberdade, quero voar.
Agora vejo por onde seguir, ou melhor, por onde não seguir. Devo tornar-me recluso em meus sentimentos mais frios e ocultos. Conhecer-me o suficiente, ser quem realmente sou. Por que viver a vida de uma sociedade para qual sou invisível? Por que vivenciar as experiências de outras pessoas? Posso entrar no meu vale de sombras e encontrar minha vida real.
Sê pois quem puderes ser apesar de toda interferência. Violência maior cometida é suprimir teu direito de escolher como agir, por mais estranho que possa parecer.
(Por: Marcelo Araujo)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Soneto do Vício

Deveria entorpecer-me
Esquecer por um segundo
Todas as dores do mundo
E a derrota que consome.
Serei um poeta sem nome
Menestrel falido, imundo
Caindo em poço sem fundo
Nas noites que seguem insone.
Perco sentidos por simpatia
No frio de meu sofrimento
Calado por risos constantes
Escuso em droga sombria
Faz-se da luz um lamento
E segue a vida como nunca antes.
(Por: Marcelo Araujo)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Segredos ocultos

Impulsos violentos, crueldade, ódio
Eis o que há de comum entre mim e ti.
Não há como saber se iremos nos matar,
Quando iremos nos matar
Sou um vazio repleto de desconhecido.
És ainda mais
Pois de ti ainda menos sei.
Quero não pensar e continuar
Pensar é enlouquecer, temer, não viver
Desejo apenas ser e não ter
Não ter para evitar a luta, a dor, a morte.
Serei cada ser que tiver que ser
Viverei cada dia como puder, sem embaraços
Sem medo do que há de oculto em mim
Sem perguntas sobre do que há em ti
O mistério está em viver o segredo.
(Por Marcelo Araujo)

Insegurança

Salve as luzes
Salve a vida, a morte, a redenção.
Salve o reflexo
Salve a verdade, as dores, o medo.
Salve as vitórias
Salve as lutas, o sangue, a sorte.
Salve a cruz e a espada.
Salve-me.

(Por: Marcelo Araujo)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Download

Onde está o Whisky, os cigarros e o rock'n roll? Os bons tempos estão empoeirados e sendo destruídos pelas traças de maquiagem pesada e franja. O tempo parece passar cada vez mais rápido deixando o rastro dos imortais que fizeram da música um estilo de vida.
Disco de vinil e bandas não são capazes de acompanhar essa evolução que no traz uma verdadeira orquestra sendo manipulada pelas mãos de um adolescente em seu programa de computador. As máquinas fazem tudo, perdemos o "feeling", esquecemos do prazer de comprar discos. Download é a lei universal em música.
Onde está a espectativa de longos espaços de tempo pelo novo trabalho de artístas prediletos? Há uma infinidade de trabalhos novos de diferentes pessoas chegando de forma impossível de acompanhar. A diversão não está em curtir, a onda agora é simplismente baixar. Este é o vício do novo milênio.
(Por: Marcelo Araujo)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

...

"Músicas alegres são incapazes de me deixar feliz", está é a frase de um amigo, e tal afirmação, considerada estranha por muitos, me leva ao seguinte questionamento: o que podería nos tornar felizes de fato?
A possibilidade de encontrar satisfação em um mundo sombrio, de quadros em preto e branco, pode ser a esperança de quem não consegue se adequar ao comum. Tenho uma visão diferente sobre a maioria das coisas que todos estão tão acostumados a classificar e determinar como leis de pensamento alheio. Não posso determinar meus sentimentos baseado numa ideia que não é minha. Sinto-me quase perdido com a possibilidade de nem mesmo ter o controle de quem eu sou.
Penso que sociedades alternativas podem sim conviver em um mundo que preza tanto este senso comum que não combina com o modo de pensar e agir de tantas outras pessoas inconformadas com a falta de diferenças. Quero viver da forma que for conveniente a mim. Quero ser eu, existir de acordo com ideias e visões de mundo tiradas das minhas inferências. Sou capaz de entreter relações independente do paradigma de uma sociedade que oprime tudo que está ao contrário de sua correnteza.
(Por: Marcelo Araujo)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Down

Sinto-me sem graça, vazio.
Sem sentido,
Um pouco cinza.
Passo noites em claro,
E perdi a fome de tudo.
Os dias são chatos,
E meus livros estão velhos e gastos,
Toda distração é um tédio.
Obsolescência.
(Por Marcelo Araujo)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Caos

Temos apenas uma vida, muito embora façamos o máximo para viver todas as possíveis existências dentro desta fase.
Está aí! Não é que não sou feliz, acho que não me permitimo ser. Talvez devido ao medo de sentir algo que, por ocasião e certeza quase absoluta, terá um fim.
Não sou imortal e nem em meus sonhos mais alucinantes vivenciaria tal absurdo físico, mesmo porque eu seria contraditório. Não acredito em nada eterno e me perco antes que a "felicidade" me encontre, ou o contrário.
(Por: Marcelo Araujo)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Inferno

Angústia, frustração, terror
Violência sem controle,
Medo.
Anjos armados
um mar de sangue.
Gritos vindo do norte
horizonte em chamas
Criaturas da noite;
sombras e dor...
é o fim.
Chegamos ao Inferno
Estamos todos mortos
perdidos na escuridão
longe de tudo
sofrendo como nunca.
(Por: MarceloAraujo)

"Justeza"

(Foto: Nelson Nascimento)
Leis não se aplicam
Injustiça é fato.
Tenho frases falaciosas
e liberto demônios.

Posso dizer-te tudo
Conduzir a verdade.
Falsear a morte
é a minha vida.

Assassinos serão santos
Depende da interpretação.
Realidades altenativas...
Brincadeiras de Deus.

Nada é absoluto
São delírios tangíveis
Criações retóricas
Inocência provada.

(Por: Marcelo Araujo)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Ensaio de mim

Sou confusão,
retrato do absurdo
A incerteza viva.
Iminência de erros
Chama de todos os impulsos.
Criei meus males,
perdi os sentidos
Morri para o mundo.
Bruma de sonhos
A própria sombra do caos.
Cansei das promessas,
senti todas as dores
Amei falsas verdades.
Um inferno pessoal
Caminho de velhos demônios.
(Por: Marcelo Araujo)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Nós somos...

É impressionante a capacidade que temos de nos transformar. Em todo momento uma nova faceta é criada ou copiada por cada um de nós. Somos a eterna invenção dos segundos que não param de passar e surpreendem em seu resultado final de longos anos.
Quem somos agora, ou já fomos? Como saberemos de que forma reagir? Poderíamos seguir convenções, mas o instinto talvez nos leve a um outro caminho, uma nova forma de encarar as intrigantes realidades que se apresentam diante dos olhos. As mulheres, os homens; os fortes, os fracos; a vida, a morte; nada tem o mesmo significado durante toda vida. Queremos fugir, mas a mudança é real.
A infância nos traz lembranças de fins de semana que eram eternos no "faz de conta" das brincadeiras. Hoje é o início de uma balada que pede, quase sempre, um dia seguinte de ressaca, e toda carga responsável de uma Segunda-Feira.
Sentimos uma espécie de uniformidade e, até mesmo, tédio em nossos dias, meses, anos, etc... A verdade é que nos enganamos com tudo isso e não percebemos nossa própria metamorfose instantânea. Isso talvez nos conforte, é melhor não saber, muito menos ver, os monstros que nos tornamos. Esquecemos os detalhes, prezamos o futuro, perdemos a chance de viver agora e não importa quem somos, o importante é sempre ter mais.
(Por: Marcelo Araujo)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Agora

Por que parar e pensar?
Viva deixando viver.
Sinta, permita-se, arrisque.
Erre bastante e cresça.
Perca-se em êxtase.
Simplesmente faça.
Queira, prove, se jogue.
Interagir também é natural.
(não importa como)
Começar de novo,
essa é a lei.
Mudar sempre.
Viver agora.
(Por: Marcelo Araujo)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Luzes

Todas as cores
luzes, fazes e luas.
Movimento
calor, sexo e sombra.
Sépia como meu som
Quente como o sol
Livre num sonho
Que vive para não estar lá.
Todas as fontes
pontes, estradas e ruas.
Contrastes
olhos, lentes e vinhos
Escuros dias de chuva
Cinza de nuvens turvas
Resto de poucas cores
Na parte sincera do mar.
(Por: Marcelo Araujo)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ondas do Humaitá

Por prudência ou covardia,
guardarei todos meus segredos.
Ficarei bêbado, vou virar santo
E quando chegar ao fim...
Terei o tempo em minhas mãos.
(Por: Marcelo Araujo)